quarta-feira, 1 de julho de 2009

AnDança

Peguei minha caixa toráccica
levantei a crista ilíaca
e posicionei o prumo
rumo a diagonal alta do meu centro.
ao meu lado, corpos
que mal sei os nomes; ofereço-lhes
o meu suor e o meu delírio,
e deles recebo-os de volta.
espiralamos na areia,
no mangue encrespamos
e contorções para sempre existir um olhar.
do olhar, sensação
que inspira contração
e espasminhos de espanador.
vinte e quatro horas já se passaram;
o primeiro impulso, ensaio
agora lança teu braço
agora lança teu rim
deposita seu peso aqui,
e pronto.
meu contra-peso amortecerá:
rolamento. queda. desequilíbrio
o compasso no espaço
obedeço agora ao ritmo frenético
do meu coração
que, como o vento, envia entre vias
sopro de respiração
por isso mesmo não trago comigo
ventila dor
para mim, cata-vento
de cores, bolinhas e amores.
cata-ventando contra sinuosidades
de uma dança-embarcação.


*em homenagem aos tripudançantes da embarcação Cuca Fresca, que sopraram fundo no meu cata-vento deixando assim eu respirar melhor.