sábado, 14 de novembro de 2009

Formatura Ativar!



O QUÊ: Espetáculo de Formatura dos alunos de interpretação da Escola de Teatro - UFBa
QUANDO: De 14 a 22 de novembro, exceto segunda-feira.
SEMPRE às 20horas.
ENTRADA FRANCA, retirar senha a partir das 18h na bilheteria do teatro.

*Assim encerramos nossa passagem pela escola de teatro, assim iniciamos nossa caminhada mundo afora. Deixando os bonecos de pau para trás e partindo sendo homens e mulheres de verdade.

COMPAREÇAM E DIVULGUEM!

domingo, 8 de novembro de 2009

Onde começou tudo isso?

Hoje, minha memória saltou para trás. Chegou em um tempo distante do agora.

Menina, 8 anos, filha, irmã.

- Mãe, mãe! O Igor me bateu!
- Que foi que você fez??
- Naaada!
- Nada, nada..! Você não mexa com seus irmãos!
- Mas, mãe! Ele me bateu! Não fiz nada!
- Se isso acontecer de novo, você vai apanhar, ouviu?? Vá pro seu quarto, e saia de perto deles!

Saí para o meu quarto naquele dia com tanta bagunça na minha cabeça-coração, não conseguia entender porque a minha mãe não me defendia e ao contrário, me ameaçava e declarava estar do lado de meus irmãos, tão cruéis. E no caso de estar, de alguma forma, errada, por que diabos estariam eles certos?
Como era horrível me sentir desprotegida. E obrigada a resignar-me.
É claro que tudo isso passou, e por muitas vezes relembrei esse fato nos almoços dominicais rindo entre uma garfada e outra dessa cena patética que minha mãe havia representado.
O fato é que hoje essa lembrança me fez enxergar além de leves risadas, me aproximei do passado a partir do que sou nesse instante e pude, assim, enfim, entender minha mãe.
E entender meus irmãos, meu pai, meu vizinho, meu ex, os homens todos, todos eles.
Sobretudo, pude entender a mim mesma.

Mulher, 22 anos, filha de pai e mãe, caçula de dois irmãos.
Não tenho filhos, mas é como se tivesse. Como se para ser mãe bastasse ser mulher. Não importa qual relação eu tenha com os homens, desde as familiares até as trabalhísticas, minha mãe sempre me dirá de longe:
- Vá para o seu quarto e não converse com elEs.

Só sei que ir para o meu quarto tem sido difícil.

terça-feira, 27 de outubro de 2009

amém

Revira,
volta,
vira.
Ser contrário é o que deve ser.
Tudo é o contrário do que deveria ser.
O mundo ao contrário do avesso.
Lavei esse travesseiro ontem ainda hoje cheira.
cheio de sonhos.
o que levo, deixo.
se acendi quereria dizer que estive apagando.
o que não pago, não devo.
é cedo para quem já vai tarde.
estudo nada, faço nada, sofro nada, pego nada, engulo nada,
muito é o contrário de tudo.

sábado, 17 de outubro de 2009

Desabraço

Sobre nada
reflito água
do dia vai purifica
minha semente
ardente inflamada
grãozinho mais encaroçado do mundo
mundão de tão pequeno
abre janelas
enxuga frestas
organiza finais que jamais verão
sobre a luz de conselheiros patafisicistas
espiral que arrodeia
meu entorno
tão crescente
justificado.
Abraço de amor doido esse que espirala dedos costas barriga corrimão mão vai pra lá
Abraço de amor levado esse que me transtorna os sentidos urso sou me põe de ponta cabeça faz cosquinha que beleza.
Tão bom dizer sim e logo quem sabe depois dizer que talvez não

segunda-feira, 12 de outubro de 2009

do amadurecimento.

- E então, como vai morando fora-de-casa, sem os pais?

- Vai bem...Mas emagreci horrores.

- Faz sentido...

- É. Demorou um tempo até eu me dar conta de que a comida não brota da mesa.

sábado, 10 de outubro de 2009

licença, poética? poética? licença poética? licença?


Era uma vez....
- Quatro heróis! diriam os meus leitores.
Não. Vocês se enganaram.
Era uma vez quatro perguntas. Não eram perguntas difíceis, mas simples perguntas dessas que servem para jogar no vento e se perder resposta de vista.

quarta-feira, 1 de julho de 2009

AnDança

Peguei minha caixa toráccica
levantei a crista ilíaca
e posicionei o prumo
rumo a diagonal alta do meu centro.
ao meu lado, corpos
que mal sei os nomes; ofereço-lhes
o meu suor e o meu delírio,
e deles recebo-os de volta.
espiralamos na areia,
no mangue encrespamos
e contorções para sempre existir um olhar.
do olhar, sensação
que inspira contração
e espasminhos de espanador.
vinte e quatro horas já se passaram;
o primeiro impulso, ensaio
agora lança teu braço
agora lança teu rim
deposita seu peso aqui,
e pronto.
meu contra-peso amortecerá:
rolamento. queda. desequilíbrio
o compasso no espaço
obedeço agora ao ritmo frenético
do meu coração
que, como o vento, envia entre vias
sopro de respiração
por isso mesmo não trago comigo
ventila dor
para mim, cata-vento
de cores, bolinhas e amores.
cata-ventando contra sinuosidades
de uma dança-embarcação.


*em homenagem aos tripudançantes da embarcação Cuca Fresca, que sopraram fundo no meu cata-vento deixando assim eu respirar melhor.

segunda-feira, 15 de junho de 2009

sobre rodas

Já não consigo escrever mais. escorrego em rodinhas.

ai
para não perder o costume esse amor, que de mistura não sabe bem o que sente. o que sente através desse amor. do que é o amor e o que ele resulta. na beleza do amor.
pois há sempre suspiros a dar e em suspiros transbordo-me de mim mesma
ai
mais do que nunca despida disfarçando o juízo e quereria no abismo lançar-me
movi ventando...
movi levando para o mais fundo onde fica a graça do amor
o amor é uma taquicardia! não podia ser coisa do bem isso de apavorar o juízo por um não-sei-o-quê de palavras que vinham sinuosas, despreocupadas... enroladas em sua fala tão cerrada.
para todos eles: desfibrila dor.

nenhuma forma de vida que alivie o estado fascinante de ser vivo todas estão de forma certa forma alguma contaminadas adestradas civilizadas.
cadê meu desfibrilador:
o preto é preto o desenho não é desenho que mais falta para o céu desabar sobre as cabeças de todas as cores e tamanhos, de sinapses diferenciadas e intensidade variável.

e debaixo da mesa das cartas e das certezas brota broto de ignorância
para quê levar a seiva todo dia?


*e de tanto automatismo, me perdi. às vezes quero pôr palavras em cima do monitor. às vezes suprimo. outras excedo. o ponto é vírgula exclamo fico muda dois pontos pergunto anh? igual patinete

quinta-feira, 21 de maio de 2009

domingo, 26 de abril de 2009

sim, é preciso.


É preciso casar João,
é preciso suportar Antônio,
é preciso odiar Melquíades
é preciso substituir nós todos.

É preciso salvar o país,
é preciso crer em Deus,
é preciso pagar as dívidas,
é preciso comprar um rádio,
é preciso esquecer fulana.

É preciso estudar volapuque,
é preciso estar sempre bêbado,
é preciso ler Baudelaire,
é preciso colher as flores
de que rezam velhos autores.

É preciso viver com os homens
é preciso não assassiná-los,
é preciso ter mãos pálidas
e anunciar O FIM DO MUNDO.



(ANDRADE, Carlos Drummond de. Poema da Necessidade. In: Sentimento do Mundo)

quinta-feira, 23 de abril de 2009

O que há de admirável no fantástico é que não existe mais o fantástico: só há o real (2)

do Surrealismo.

inusitadamente, parte 2.

Um assalto a um cabeleireiro na Rússia está a mobilizar a polícia. O crime envolve o assaltante e a cabeleireira do estabelecimento assaltado.
A cabeleireira, identificada como Olga, de 28 anos, viu o seu salão invadido por um homem na passada terça-feira, dia 14. Olga, experiente em artes marciais, conseguiu dominar Viktor, de 32 anos, e levou-o para uma sala reservada. No entanto, não chamou a policia.
Olga obrigou o assaltante a tomar Viagra para depois abusar dele várias vezes durante os dois dias seguintes.
Quando foi libertado, o assaltante dirigiu-se ao hospital para curar o pénis «magoado» e depois à esquadra para registrar queixa contra a cabeleireira que, por sua vez, só no dia seguinte registrou queixa contra Viktor por assalto. No entanto, a história confunde-se ainda mais porque a policia não consegue ter a certeza sobre quem é o verdadeiro criminoso deste caso de assalto.

*matéria retirada do site http://www.tvi24.iol.pt/geral/assalto-russia-cabeleireiro-tvi24/1058236-4207.html


Olga é um ícone!
Esse é o tipo de notícia que eu um dia esperava. pelo estrondo, pela graça, pelo prazer, pelo sangue meu, de minha mãe, minha avó, minhas tias, e de tantas outras, todas as outras....
Mas confesso que muito mais pelo prazer e pela graça de saber que ela fez o que eu não teria coragem de fazer, mas que meu espírito enquieta-se de um tanto imaginando como seria bom realizar tais peripécias... E não, não pela satisfação de meus desejos, mas o desejo da inversão. O opressor virando oprimido. Porque... por que fazemos com os outros aquilo que não gostaríamos que fizessem conosco? Por que é tão difícil colocar-se no lugar do outro?
Confesso (2) que é um sentimento sórdido, nem eu mesma o aprovo. Até porque nunca consegui executá-lo. Alguém tinha que fazer o trabalho sujo. Olga.
Agora Olga também paga um preço.

- Oi, linda..posso te conhecer?
- Ops, dá licença..
- Oh, morena, é rápido! - solavanco na cintura dela e a puxa pelo braço tentando se aproximar ao máximo de seu rosto
- Ei! Pára! - desprende-se com dificuldade do maroto.
- Ihhhh, tá nervosinha, é?? Nem queria merrrrmoo! (mal-comida!)

Em outro site, o assaltante é visto como um "pobre criminoso que só queria roubar umas coisinhas";
em todos eles a polícia, que coisa, não sabe quem é o verdadeiro criminoso;
e é lançada, descaradamente, a seguinte pergunta: "Mas o maior beneficiado a gente já sabe, né, Viktor?"
Quer dizer...
vai demorar tanto tanto tanto pra esses bicho virar homi... nem salão de beleza dá jeito.

sábado, 18 de abril de 2009

° O que há de admirável no fantástico é que não existe mais o fantástico: só há o real.


do Surrealismo.

Automatismo psíquico pelo qual alguém se propõe a exprimir seja verbalmente, seja por escrito, seja de qualquer outra maneira, o funcionamento real do pensamento. Ditado do pensamento, na ausência de todo controle exercido pela razão, fora de qualquer preocupação estética ou moral.

° Reduzir a imaginação à escravidão, mesmo que se tratasse do que grosseiramente se chama de bondade, será privar-se de tudo aquilo que se encontra no âmago de si mesmo, de justiça suprema.

° Os processos lógicos, de nossos dias, só se aplicam à resolução de problemas de interesse secundário. O racionalismo absoluto que continua na moda só permite considerar fatos de pequena relevância de nossa experiência. Os fins lógicos, ao contrário, nos escapam. Sob as cores da civilização, a pretexto de progresso, chegou-se a banir do espírito tudo aquilo que, com ou sem razão, pode-se classificar de superstição, de quimera.

[ Eu quisera dormir, para poder me entregar aos que dormem, como me entrego aos que me lêem, com os olhos abertos; para deixar de fazer prevalecer nesta matéria o ritmo consciente de meu pensamento.]


(BRETON, André. Manifesto do Surrealismo 1924)

sexta-feira, 10 de abril de 2009

que santa que santa que santa qual nada é a minha religião.
que medo que medo que medo de fazer feio o que é corão.
desejo
alimento
exorcizo
invado
desacredito
que razão ou posição que lhe confere destaque é suficiente para coibir os meus atos ou palavras que não cabem que amarrotam-se nos seus livros?
pois que para sabotá-lo tive de conhecê-lo.
itabirano que disse "como é triste ignorar certas coisas" entendia do sofrimento alheio e o que estava em seu meio; como é fácil ver meu-teu corpo rasgando-se em pontos de interrogação qual bicho
qual bicho interroga-se?
bicho-eu que tem mania por querer saber das coisas e dos ventos e pra onde sopram eles e por quê sopram e de onde foram soprados leva o barco para além do horizonte que para lá também existe sim, o mar. onda que leva para lá e traz para cá. do mar.
e trouxe a civilização.
e trouxe os bons costumes.
a religião-obrigação.
o casaco de pele.
a pólvora.
e levou a organização.
e levou os bons valores.
a cultura pagã.
a tanga de neve.
a coragem.


*ainda há o que dizer, mas não há mais tempo.

uma páscoa regada.
com o que lhes convir, macacada.


segunda-feira, 6 de abril de 2009

em que movi?

movimento.
dança das árvores.
lua que ilumina a relva e a selva.
olho que olha a selva de dentro dos meus olhos girando entre ira e afeto, pois que para haver história que se desenvolva é necessário conflito isso e aquilo me move comove absorve cria movi.
o menino que dorme na calçada não possui mais que uma micro-análise, um ato apenas. o menino que dorme na calçada parece triste e me move para o outro lado e me comove a selva e me absorve sempre até ficar triste.
desta fenda em que está agarra-se a que?
saudade, saudade, saudade...
na selva, no baixo ventre, no movi.

segunda-feira, 30 de março de 2009

como (ob)ter razão.

- As bolinhas pretas significam as cidades com níveis...
- Professora!
- Diga, meu amor!
- As bolinhas são marrons.
- Não, querida. São pretas.
- Aqui, professora... marrons!
- Meu benzinho, presta atenção: isso é preto!
- Marrom... (?)
- Aqui, minha filha! Será que você não está vendo? Isso é preto, por favor! Aqui, ó! Essas aqui são pretas! Deu pra ver?? Todo mundo conseguiu enxergar???
- ...
- Perceberam? Todos perceberam??
- ..
- Perfeito!

E ela nunca mais falou.

segunda-feira, 16 de março de 2009

o que será que será que vem de lá

despedida

Calado. em vala comum
organizado
Serás livre de suspeita?
quem respeita?
Que mágoa sai com água?
Meu banho de neve.
ajoelha
assopra
reza
vai
sai
dorme. uma noite bem dormida
vai
sai
se organiza em outra combustão,
descaracteriza.

sábado, 7 de março de 2009

pra dentro e muito pouco pra fora

ai o meu coração espalha espalha espalha cansa de tanto que meu pensamento avoa pra dentro e muito pouco pra fora e por isso é tão difícil deixar que eles descansem e também covardia para ele que só quer bater bater uma duas três marteladinhas de carinho e amargas falhas que também são boas para o saborear do dia-a-dia no meu velocímetro tantas setinhas quantas ao todo passam não se sabe ao certo onde chegaremos ao que chegará é possível ter sensibilidade idade para acalentar certos prazeres que nos chegam de repente numa corrente enxurra pedrinhas e vida marinha o que pode ser pescado se sou um bom pescador ou diluído o que não impede de também ser um bom pescador porque o que nos faz competente em assuntos abstratos é a nossa capacidade em ser bons recicladores de idéias e pedrinhas que sempre estarão boiando na enxurrada das nossas cabecinhas flutuantes

terça-feira, 3 de março de 2009

do lado de dentro é que se vê o melhor da festa:
captura
rápido
correr
ah ah
misteriar
boa noite
feliz
arrancar
passará
ah ah
ah ah
feliz
já-h!

domingo, 1 de março de 2009

sexta-feira, 27 de fevereiro de 2009

meu corpo é?

No balanço do mar
meu corpo é um corpo

vai e vem, não posso levantar
sou joguete. sem idéias,
sem pensamento ou leve respirar.
meu corpo é um corpo
em favor da onda.

quero socorro, um gole de água doce.
coragem...! coragem...!
Se me levanto, ai...
dá-me luz,
coragem, mulher!
dança, suspira, adormece sobre
as nuvens lilás...
Se há mar, para quê a coragem?
Porque o mar sozinho não basta para todo o ser líquido que habita em mim.
meu corpo é um corpo
que dança
adormece
suspira
transpira
abomina
minha vida
de longe
só anda
para o Sol
que faz
não faz
ousa dar
não dá
minha coragem
bate
mergulho
na 1ª onda
sempre minha.

terça-feira, 24 de fevereiro de 2009

ela, vermelha°quente


Abre essa janela
ela, vermelha° quente
junte os poros e o frescor.
eu absorverei.
°
acorda pra Lua
nua
alimenta meus poros
crua
machuca o lençol,
dá gosto de ver, benzinho.
°
só experimentando
é que o meu
saboreando
não perde o
frescor.

domingo, 22 de fevereiro de 2009

Com Beleza, para IsaBela Maria Caetano Barbosa

d'uma gota de vida
uma gotícula.
traz frescor para nossas
inquietudes
traz vigor pra nossa sombra-
verdade.
leva sombra, traz verdade.
o que não é amor é
chiclete sem sabor.
beleza de gota
ao te afagar no afago
da sua liquideza.
meu encanto é sofrido
porque tanta alegria não
cabe em um só peito.
um só peito sofrido.
meu encanto transborda
as fronteiras - miocárdio samba
tumtumtum:
como guerreiros enfurecidos
como os batuques do Olodum
a energia dispersiva das escolas de
sambabá.
sambabeibe.
sambabela.
sambabelezabeibebela
porque você ainda não sabe,
mas é que aqui
sambar é preciso.
e não é só porque você nasceu
no Brasil, não.
é porque você além de ter
nascido no Brasil...
você veio de nascer menina bela.
logo mais serás moça bela.
e depois, Bela, serás Mulher.
e há tantas coisas a dizer
acerca desse atormentado
universo. niverso. iverso. verso.
que acompanharei seu caminhar
para lhe contar
o crueldá
em ser moça, mãe, menina, amante, esposa;
. Mulher.
e não acompanhante.
sendo
Si
sem precisar ser só.