quinta-feira, 5 de julho de 2012

lança-se, chama.

dragão siamês,escolhe
a tua faísca
a tua fábula
onde irá mirar o seu fogo
agora?
lambuza de CO² o seu redor
os ratos sairão de seus esconderijos
com nenhuma desconfiança:
- és tu, fogaréu, certeiro.
As duas cabeçorras entreolham-se
a fim de perceber para onde pensa
a outra face carbonizar.
o herói é muito jovem
a ponte lhe serviria
a princesa está na torre
a torre é de pedra
o vilão por último
a mata...refresca.
descobrir-se em muitos caminhos
faz esse dragão de uma, duas,
cuspir em sua outra-própria-metade
careta.
é preciso chamuscarem-se
as ventas, as vistas, todo, tudo
e sentir o dolorido do fogo.
assar as máscaras, para, após,
reconstruí-las com água e
jornal, talvez.
descobrir, repletas de cinzas
que são poucas ainda,
que são menos que qualquer quinto
da imensidão que vos habita.
e, mais tarde, após incansáveis
incêndios em si mesmas,
darem-se conta que nem a manifestação
de um dragão coberto com 10x10
cabeças, iria simplificar suas questões.
é preciso chasmucar as próprias ventas
e ser a própria chama, o fogo-raio.

quarta-feira, 13 de junho de 2012

Ventoinha

(...) quando eu falo sobre o amor... eu falo de um só baque,
que une-se a alguns micro-estouros em intervalos do sopro que dá no coração.
Alguns eu sei explicar, outros não. Aqueles que o sopro retira o ar são perfeitamente compreensíveis,
haja vista que
todos já amaram e desamaram. Ou, pelo menos, imaginam que depois do desamar
não há mais nada.
quando falamos em amor amando o sopro fica. E não cansa de soprar.
Laboriosa luta de um coração que não quer mais ventar.
Quer paz.
sem os nós que alguém continua a embolar, eu disse. embora eu mais pense;
não há meio-termo em tempos de hibernação: são os mais cruéis,
tudo paralisa, tudo.
menos o sopro.
Ventoinha cronometrada.
Agora venta coração!

terça-feira, 5 de junho de 2012

entre no verso


Sonhei com você essa noite.
Você, com olhos crus, dizia:
- Te bato, mulher!
E eu, dúbia:
- Bate, que eu quero ver.

sábado, 25 de fevereiro de 2012

Os Leões ou Um leão por dia.

assim que desperto, ei-los. estão famintos e não há condições de afagá-los.
o sono, invencível jaula dos animais, estes invisíveis tiranos de um cotidiano
sem flor, o sono trafega em turno inoperante e ao deixar meu corpo abre as
portas do confinamento de meus rivais. O pai, sempre me alertara sobre tudo,
menos isso. e, então, isso não era, pois, previsível? Portanto, por quê não há
registro de qualquer discurso sobre quantos possíveis leões se apresentariam
e resolveriam grunhir tão alto em meus labirintos a ponto de nada mais se
poder ouvir? a mãe, no entanto, sempre com muito mistério o fez. resta saber
para quê tanto mistério que me fez não captar o aviso, dando um pelo outro na
mesma situção: o despreparo. sábios são os felinos. e ferozes arrancam mel,
arrancam, arrancam cordões, arrancam tudo, as cores todas, os exageros simpáticos, arrancam mesmo.
Arrancam qualquer lua cheia, alto salto. felizes os japoneses que já nasceram
com mania de reconstrução. pudera eu ser filha desta terra e que viessem mil leões, mil escangalhaços, mil espatacadas aqui e ali a recatar.
Bravos.
a terra lhes dá água revolvida, mistura de sal e pepino molecular ativação. Mas,
meu ancestral deste mora longe e nasceu em sina de resistência. que também é
necessária, porém não morde. e eu quero poder morder; morder-arrastar.
espantar qual fera companhias cretinas, ver o Sol como Sol que queima e nunca esfria, sentir as flores fotossintetizando e não sufocantes.
de um bote, tornar-me leão, rei de meu reino.