quarta-feira, 7 de dezembro de 2011

Ouriço

entre pedras
sob o Sol luminoso
vive só em si.
o ecossistema é um grande vazio redundante.
escadas pedregosas
soerguidas certa vez
por algum habitante, ou
mero visitante, e até
quem sabe por eles todos.
cada um a sua vez.
uma jornada excitante essa:
construir degraus.
ventos sobre o mar
a fronte encharcada
e o horizonte coberto com as cobiçadas naus.
- vamos!, não pôde ser dito.
lá se vão à outro recanto estas embarcações
quantas gentes irão nelas?
homens? terão crianças à bordo?
mulheres? Para onde vão?
O que levam?
Poderiam naufragar após densa tempestade.
Não se sabe.
E andando aos espinhos
cavam-se corais.

quinta-feira, 24 de novembro de 2011

Meu Life.

Dá-me a chance de continuar.
No mais profundo do pré-sal.
Life.
O video-game dos dias atuais
Resistir ao ataque dos zumbis,
e quando chegar a 10% do coração,
Life.
Em plena ditadura, a tortura
abaixo da superfície no tonel.
O2 aos detalhes,
Life.
Mostra-me o por quê de seguir.
Há frutas, bicicletas, galos, soja.
Life.
O país não é Tizangara, as
propagandas do governo são esperançosas,
Life.
Podia a Literatura ter parado
a produção e me esperar...
Compreensível.
Nem eu me espero.
porém meu life me faz permanecer
ainda um pouco um tanto
mais.

08/11/2010

quinta-feira, 17 de novembro de 2011

Vômito

É. Falar de política está mesmo fora de moda. Não que ser alienado seja o top list da estação. Bom, espero que não. Mas... penso que a organização política não está apenas fora de moda, mas também veio a falir, de modo a não ter mais possibilidade de existir. Pelo menos, não nos moldes capitalistas atuais. Essa conjuntura chegou a tal ponto que apenas a verdadeira anarquia poderia agradar a enormidade de opiniões coexistentes. Há uma bagunça nos edifícios do Planalto. A democracia existe para apoiar, mesmo as opiniões sem princípio. Como um país demora tanto tempo para aprovar leis como a Ficha Limpa? Ou como elas se tornam necessárias? Isso é o mais escancarado atropelamento do que há de mais importante na vida em coletivo. A supressão de princípios básicos!
Até gostamos de não pagar a conta de luz! Amamos os filmes piratas! Falsificamos as carteiras de estudante!
Desacredito nos governos.
Como viver tranquilo com tantas aberrações espalhadas no nosso cotidiano?
Sejamos autônomos! As leis virão de dentro pra fora. Sejamos leais a elas.
Deixemos os ratos com os ratos.
Quem é de paz, chegue mais.

terça-feira, 2 de agosto de 2011

EXÍLIO

Longe de eu
deeusó
estar profundo
des-humano assim é.
É afogar as meninas
de tanto aiai.
viver sem chá.
baiano não gritar minha porra.
criança ir trabalhar.
sorvete nunca.
maspode mã? (balanço horizontal de cabeça).
o buda não meditar.
respiro quente, engulo azedo.
a vida não deixa nem uma colher rasa
de açúcar.
e a possibilidade de misturar o cheiro
azedude mocofó chongô do arrependimento
daquilo que não teríamos feito em/nas
CNTP.
Perdão, perdão. Favor aceitar desculpas.
Estar mais longe de si do que
de seu país: isso sim é exílio.
Querer, siquerer.
amarfanhar-me de mim mesma.
Desenhar que me amo e que de
mim não me separo-me nevermore
sobreviver os meus dissabores as delícias
que hão de me aplacar e gritar
alto e sempre mais o quanto vale
ser me mim si eu
sou eu que gritarei e ouvirei meus
clamores surdinos sardentos sarnentos
dos que não sou eu mesma.
brigar com as oleosidades estranhas
expeli-las. vai-te!
vem-me!
sossega em mim, eu.