sábado, 25 de fevereiro de 2012

Os Leões ou Um leão por dia.

assim que desperto, ei-los. estão famintos e não há condições de afagá-los.
o sono, invencível jaula dos animais, estes invisíveis tiranos de um cotidiano
sem flor, o sono trafega em turno inoperante e ao deixar meu corpo abre as
portas do confinamento de meus rivais. O pai, sempre me alertara sobre tudo,
menos isso. e, então, isso não era, pois, previsível? Portanto, por quê não há
registro de qualquer discurso sobre quantos possíveis leões se apresentariam
e resolveriam grunhir tão alto em meus labirintos a ponto de nada mais se
poder ouvir? a mãe, no entanto, sempre com muito mistério o fez. resta saber
para quê tanto mistério que me fez não captar o aviso, dando um pelo outro na
mesma situção: o despreparo. sábios são os felinos. e ferozes arrancam mel,
arrancam, arrancam cordões, arrancam tudo, as cores todas, os exageros simpáticos, arrancam mesmo.
Arrancam qualquer lua cheia, alto salto. felizes os japoneses que já nasceram
com mania de reconstrução. pudera eu ser filha desta terra e que viessem mil leões, mil escangalhaços, mil espatacadas aqui e ali a recatar.
Bravos.
a terra lhes dá água revolvida, mistura de sal e pepino molecular ativação. Mas,
meu ancestral deste mora longe e nasceu em sina de resistência. que também é
necessária, porém não morde. e eu quero poder morder; morder-arrastar.
espantar qual fera companhias cretinas, ver o Sol como Sol que queima e nunca esfria, sentir as flores fotossintetizando e não sufocantes.
de um bote, tornar-me leão, rei de meu reino.

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